quarta-feira, 28 de junho de 2017

Bolonha.

I


Não sabia nada desta cidade para além do que se aprende em História e do que o meu filho me disse: "há muitos jovens". 

Comprei um guia em italiano quase sem fotos, bastante denso, que não consegui ler antes de chegar. Sabia que era uma cidade medieval. Só não sabia a dimensão, habituada ao nosso Portugal mínimo.

No primeiro impacte nem me apercebi mas, à medida que fui caminhando para o seu centro interior, percebi no que estava metida. O passeio da noite só deu para algumas ruas e praças, casas e torres, tudo construído pelos séculos XI e XIII, algumas reconstruções no século XIV ou XV. É impressionante. 

A mim fascina-me a construção desta época, a Alta Idade Média. Sem a sofisticação e elegância da Florença do Risorgimento, é muito bonita. Pareço uma tontinha a ver tudo sem saber para onde me voltar... 

Praticamente todas as ruas têm arcadas debaixo dos prédios, antigos e novos. 


Interessante também verificar como, apenas 90 km mais acima, tanto muda. Até a comida é diferente da toscana. Jantámos excelentemente no Ristorante Donatelo, que tem 114 anos. Não sabíamos, foi escolhido apenas por instinto e rápida observação dos pratos dos outros... 

2 de Junho de 2017


II

Gosto mesmo do café por cá. Quer dizer, gosto muito de café e aqui o sabor é mesmo muito bom. Tenho exagerado à conta do expresso ser tão curto que se vai em dois golos. Começo logo a manhã com quatro que são só oito golos. Também ajuda a dar energia para o caminho.


Hoje tracei um percurso que não desiludiu, antes maravilhou. Adoro percorrer ruas, descobrir sítios e surpreender-me com o desconhecido.

Bolonha surpreende pela dimensão da cidade antiga conservada. Os edifícios mais recentes - do século XV ou XVI - combinam com os originais trezentos anos mais antigos. Sempre com arcadas por baixo das quais se pode percorrer toda a cidade. Incrível mesmo.

Do muito visto hoje, adorei o conjunto da basílica de San Stefano. Primeira construção do ano 80 d.c. ainda romana. A piazza e ruas perto também são uma maravilha.

Inesperado foi entrar, quase por acaso, no regresso da Università, na Basílica di San Giacomo Maggiore e encontrar a capela Bentivoglio, da 2a metade do séc XV com pinturas belíssimas que fotografei à má fila. Também o fiz no oratório de Santa Cecília mas em ambos os casos foi só uma foto e sem flash. Como gostaria de viajar no tempo e passar por aqui há uns 600 anos atrás quando as igrejas e palácios eram todos pintados, colunas inclusive.

É giro vir pela via Zamboni e perceber a inclinação da torre Garisenda. E ficar a admirar os 97m da torre Asinelli.

Almoçámos muito bem numa trattoria super simpática mas, mesmo assim, pouco depois, à beira da basílica de San Domenico, tive que me esticar um bocadinho para aguentar o resto da volta. Foi agradável estar a ver o céu através da sombra das árvores que o calor continua imparável. 


Ainda visitámos o Palazo delll'Archiginnasio, belíssimo, onde funcionou primeiro a universidade de Bolonha. Pagámos bilhete dentro do palácio para ver o teatro anatómico que foi destruído em 1944 por uma bomba americana mas resconstruído como o original do séc XV. 

De resto, o turismo brutal da bela Firenze ainda não chegou e quase tudo é de borla e sem gente a mais.

Na rua, por todo o lado, há lojas locais e das grandes marcas e costureiros. Com montras deliciosas. Na via dell' Indipendenza parece que ninguém fica em casa. 

Ah, sabiam que existe um canal qual amostra de Venezia?

Imagino que à hora do jantar tudo acalme para ver o jogo Real Madrid - Juventus mas não sei.
3 de Junho de 2017


III

Os acontecimentos de ontem à noite em Londres e Turim não ajudaram a uma boa noite de sono. E o medo de andar de avião deixa-me sempre ansiosa antes de qualquer viagem, grande ou pequena. 

Por isso, a manhã de hoje foi de última volta por Bolonha mas sem a leveza habitual das férias. O facto de fazermos oito meses de casados ajuda a alegrar mas passar o check-in foi complicado com as meninas italianas da TAP a não perceberem os nossos nomes... já está.

O aeroporto é pequeno e está cheio sem lugares para sentar. Nós conseguimos dois num café e também sacar free wifi se não estava agora a ler o livro do Houllebecq que veio e vai na mesma. Não que não seja bom mas o corpinho tem andado enxalmado e adormece mal encontra a cama.

Esta manhã descobrimos mais três igrejas góticas fabulosas. Mais ruas e pracetas. E gente dum lado para o outro sempre. Sobretudo jovens e italianos.

À hora do almoço uma nuvem descarregou uma chuvada forte que deixou no ar cheiro a terra mas a temperatura não baixou dos 30 graus de toda a semana. Voltámos a almoçar no sítio de ontem, de novo bem. 

Gostámos muito da cidade e muito fica por ver. Deve ser gira no Inverno, com frio.

4 de Junho de 2017



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