sexta-feira, 17 de março de 2017

Dona de Casa.


Há tempos, numa passagem pela livraria Sá da Costa, encontrei uma deliciosa Enciclopédia da Dona de Casa. Editada pela Verbo em 1977, tudo nela pareceria ser anterior ao 25 de Abril mas não. Folheando, percebem-se alguns sinais de modernidade.

Basicamente, trata-se de um manual completíssimo para guiar a mulher a ser uma super dona de casa. O trabalho fora, um emprego, aparece pontualmente como um "coitada, se tiver que ser...". 

Partilho o índice. Tem ilustrações deliciosas e muitos conteúdos para nos fazer pensar. Tenho marcado textos que quero ler. 


Acho que a minha geração já não teve nada a ver com este posicionamento apesar de ter aprendido a bordar, costurar, tricotar e outras utilidades que ajudam à vida prática de gestão da família. Sim, porque a responsabilidade dessa era (ainda é?) da mulher.


É sobretudo um manual de organização que muitos gestores deviam ler. Não resisti a comprá-lo por 10€.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Mais um dia da mulher.



Acordo em mais um dia 8 de Março. 

Nos últimos dias, amigas têm enviado fotos, gifs ou pequenos vídeos em que se celebram as mulheres, antecipando o seu Dia. 

Acordo e, quando vejo o smartphone, aparecem as memórias das minhas publicações neste dia, nos últimos anos. 


Releio e quase me espanto como está tudo actual. Volto a partilhar os textos de há três e quatro anos, para quê repetir-me? 


Cansa voltar a dizer que estamos longe da igualdade salarial, de oportunidades e direitos. Que em grande parte do mundo, as mulheres continuam seres escravizados, ou explorados, ou utilizados e deitados fora.


Já tive mais esperança mas não desistirei nunca. 


Ontem, vi este artigo/video publicado pela RTP Ensina sobre as mulheres em Portugal antes do 25 de Abril. Era miúda mas lembro-me bem da minha mãe precisar de autorização do meu pai para atravessar o rio e ir a Ayamonte fazer compras. Do meu pai e da PIDE / DGS.

Por isso, acho importante divulgar e relembrar para que quem é mais novo saiba dar valor ao que tem e perceba como não o pode perder.


À parte isso, em termos profissionais, continuamos lixadas, afastadas dos cargos de topo e a ganhar menos 16%. 


Apesar disso, ou não, continuamos no batente todos os dias e as mulheres que conheço são fantásticas resilientes. 


Vivam as mulheres!




terça-feira, 7 de março de 2017

Tio João.



Há dias, tive oportunidade de rever um programa de 1994 na RTP Memória com o meu tio João, irmão da minha mãe. Tratava-se de um programa de entrevista de Nicolau Breyner chamado "Com peso e medida" cujo link não consegui encontrar no site da RTP. 

Na altura nem devo ter dado pelo programa. Todos estavam vivos e em pleno nas suas actividades. 

Vinte e três anos, mais de duas décadas, fazem muita diferença... quer o meu tio quer os seus grandes amigos presentes no programa já morreram. Raul Solnado, Fialho Gouveia, Fernando Lopes, Aquilino Ribeiro Machado, Nicolau Breyner. Todos fizeram parte da aventura que foi o começo da televisão em Portugal. Quase todos tive o privilégio de conhecer através do meu tio.

Nesta entrevista de vida, pude confirmar como o meu tio (João Soares Louro) era um profundo conhecedor do tema televisão e tinha ideias originais, pensamento próprio, na altura controverso, e que se veio a confirmar certo.

Senti um grande orgulho nele por isso e pela sua humildade, coragem, rigor e honradez, valores que andam arredados da maior parte das pessoas em situações de responsabilidade. 

A certa altura da vida, estivemos mais próximos profissionalmente e era uma pessoa com quem sempre aprendia algo. Muito exigente. 

Gosto de pessoas com quem se aprende. Como gostava de poder voltar a conversar com ele... é isto a saudade dos que já nos deixaram e amávamos, esta impossibilidade de voltar ao contacto que dói.