domingo, 28 de fevereiro de 2016

Tio Victor

Há bocado estava a começar uma reunião e, de repente, quando escrevi a data no caderno, lembrei-me que era o dia de aniversário do querido tio Victor. 

Que saudades! Faria 91 anos se estivesse vivo.


Foi como um segundo pai para nós. O tio solteirão que todas as crianças querem ter. Sempre disponível. 


Quando éramos crianças, o tio Victor vivia em Lisboa e nós em Faro. A sua chegada para passar as férias do Natal eram um acontecimento. Levava duas malas, uma muito grande com presentes para nós e outra pequena com a roupa dele. 

Esteve sempre na nossa vida, para o bem e para o mal. Sempre connosco.


Quando o meu filho nasceu, fê-lo sócio do Sporting dois dias depois. A quantos jogos o João foi com ele a Alvalade?


Há dias, na homenagem ao António, realizada em Freixo de Espada à Cinta, perguntaram-me se sabia quem era "o tio Victor" pois uma das pessoas ali presente encontrara, num alfarrobista no Algarve, uma 1º edição do "Boas Fadas Que Te Fadem", assinado pelo autor, com uma dedicatória a um tal tio Victor. 


Que coincidência. E emoção. Não sei como o livro foi parar ao tal alfarrobista mas certamente o tio Victor o emprestou ou deu a alguém.


Há pessoas que marcam as nossas vidas só com o bem. Felizmente!
Que saudades!



Na foto, eu e a minha irmã com o tio Victor numa dessas férias de Natal,
eu teria uns 7 anos e a minha irmã 5


26 de Fevereiro de 2016

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Dois anos e dois dias.

Passaram dois anos sobre o início do Tripolar. Pus-me a reler textos dessa altura. Gostei. Muito melhor do que os últimos. Vivia num período com muito mais disponibilidade. Que é necessária. 

Hoje falta-me tempo. Ou será desculpa? Apenas opções? Prioridades. Talvez.

Releio "Transitados" e revejo-me:

(...) quando me atrevi a criar este blogue (...) foi principalmente por gostar de escrever. Gosto e é algo que me apetece fazer.
No entanto, tenho a noção das enormes lacunas literárias que uma vida absorta num trabalho de gestão operacional não ajudou a colmatar, apesar de sempre ter lido bastante. Mas tenho enormes falhas nos clássicos, especialmente, nos russos.
Outra razão é porque me alivia as irritações várias. Como não toco bateria nem dou murros num saco de boxe, escrevo o que me vai na alma. E sinto-me melhor depois. 
Ando uns tempos com um assunto na cabeça e há um momento em que tem que ser e torna-se a minha prioridade.

A vontade de escrever mantém-se. Cada vez mais. Se pudesse fazer o que me apetecia, sem preocupações em sobreviver, seria escrever e fotografar. Mas as preocupações existem, não se alteraram.

Reli com carinho "Desluzido" e "Sem luxos", entre os dez textos do primeiro mês do blogue.

E olho para estas palavras de "O vazio atrai o cheio" com nostalgia pela leveza optimista dessa época:

O vazio não aconteceu. O vazio está a ficar cheio. Esse cheio é um recheio que tem evoluído e mudado amiúde, num caminho entre a confusão e a clareza. Afinal, só passaram três meses.
Nestes últimos dias, comecei a pensar como me tem provocado um enorme gozo interior saber se vou ou não (ainda não duvidei que sim) ser capaz de concretizar novas coisas, diferentes. 
Dou por mim, a caminhar com um sorriso nos lábios, feliz. Sem medo apesar do medo que acho devia ter. E algum tenho. Mais por obrigação porque não o sinto realmente. Nunca fui muito de medos, é certo.

Dois anos depois, o vazio encheu-se, sim. Muitas coisas novas aconteceram. Muitas diferentes das imaginadas ou planeadas. 

O caminho parece mais definido, não sei se mais tranquilo. A ver vamos. 







segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

DEZ MIL

10.000 de 26.000 crianças que chegaram à Europa sozinhas estão desaparecidas, diz a policia num primeiro relatório sobre os refugiados. 
O numero é tão elevado que não dá para imaginar. 

Se fossem crianças em escolas portuguesas, quantas escolas cheias seriam? 


Só de imaginar - ou lembrar, porque houve reportagens junto dos refugiados que entrevistaram crianças a viajar sozinhas, os pais que morreram na guerra ou pelo caminho - arrepia. 


Uma criança de 5 ou 7 anos, ou 10 ou 14, a caminhar sem protecção, sem falar a língua, sem comida, ao frio e entregues à sua sorte, está sujeita a todos os males. Quem tem filhos o que sente?


Os canalhas que dirigem a Europa, que gerem organizações, que estão à frente de grandes instituições financeiras, não sentem? Não lhes treme a alma ao ouvir estas notícias?
Ou estão tão longe da realidade, entretidos nos jogos do dinheiro e do poder, que não dão por nada? Entretidos a discutir orçamentos e milhões virtuais.

Há espaço e riqueza mais que suficientes para partilhar.


Do conjunto, só vejo Merkel dizê-lo. Caramba, logo ela que nos habituamos a odiar, com razão. Dos dirigentes europeus, tem sido a única voz a erguer-se em defesa destes desgraçados, ainda assim ameaçada pelos correlegionários.



Vivemos tempos que nunca pensei viver.

O mal banaliza-se a cada noticia. O mal pequeno e individual e o mal colectivo. A indiferença fomenta, permitindo que se espalhe o ódio.


Quanto a esta notícia das crianças refugiadas, não ouvi nada pelos responsáveis europeus. Nada!


Vai repetir-se a história. Como é possível?! Como é possível não impedir este sofrimento?!





Existem muitas pessoas e organizações de solidariedade que, felizmente, ajudam no terreno a dar algum conforto a quem chega mas sem poder fazer muito mais. 

Também outras globais como a UNICEF ou a Cruz Vermelha mas precisam do apoio dos países, dos governos, dos decisores. Os mesmos que não hesitam em se mobilizar em torno dum mosquito.